Porto Nacional.

S.O.S PORTO NACIONAL, UM GRITO DE SOCORRO.

É habitual a questão do crime envolver uma série de reflexões e comentários que ultrapassam em muito o ato delituoso em si; são questões que resvalam na ética, na moral, na psicologia e na psiquiatria simultaneamente. Sempre há alguém atrelando ao criminoso, traços e características psicopatológicas ou sociológicas: porque Fulano cometeu esse crime? Estaria perturbado psiquicamente? Estaria encurralado socialmente? Seria essa a única alternativa? Ou, ao contrário, seria ela simplesmente uma pessoa maldosa? Portadora de um caráter delituoso. As dúvidas são latentes, biológico ou não a causa da violência, vem acarretando várias consequências  a comunidade portuense, que vem se perdendo o gosto de sair dentro de casa, com o medo de sair e não mais voltar.

Porto Nacional, cidade do interior do Tocantins, vem sofrendo com o caos dos grandes centros. Assalto a mão armada, tiroteios, venda de drogas ao vivo e a cores, homicídeos sem nenhum tipo de represália, ou de empecílio, tudo acontece ali na sua frente a olho nú. Se reunir a noite no bembolado, ouvir o batidão do som automotivo, que faz parte de uma cultura urbana, já não se pode mais, ora por intervenção da polícia (que aparece somente para desligar o som e nada mais), ora por medo de uma bala perdida. Nós, jovem portuense estamos vendo o preconceito, o vandalismo, o racismo, o livre comércio de drogas ilícitas, a comercialização sexual do corpo de menores de idade, além de crianças armadas, como estivemos em um filme de guerra.

Fica a pergunta, cadê a inocência de nossas crianças? Cadê o policiamento que fazia valer portarias que resguardava nossas crianças?

Não sei, ao certo qual o sentimento que rasga meu peito nesse momento, a única certeza é que não é de alegria. Nós jovens queremos que nosso direito de ir e vir, garantidos na constituição federal como um direito fundamental, seja preservado, queremos poder dançar e se divertir sem ter que ficar olhando para todos os lados, com medo de ser acertados com uma bala, por uma faca, garrafa ou outros objetos utilizados por esses bardeneiros. A era da sustentabilidade em Porto Nacional, e a era da quebradeira de garrafas de vidros.

O que aconteceu com a minha querida Porto Nacional, os valores estão distorcidos, famílias estão dissipadas, a nossa sociedade já não é mais a mesma. Ah que saudade do bom e velho ladrão de galinha, ao menos, era somente as pobres aves que iam embora às praticas ilícitas, hoje se vão móveis, eletros, portáteis e vidas, vidas se vão por causa do desejo de ter o que é do outro, do desejo de mais uma pedra de crack.

O que fica aqui neste momento, é o apelo ao poder público, precisamos de política voltada para desmarginalização do jovem, que sem opção se arrisca no escuro da noite em busca de entretenimento.

Já dizia Renato Russo “Que país é esse?”. E eu pergunto “Que cidade é essa?”. Infelizmente a resposta é Porto Nacional, cidade esquecida, jogada ao caos da violência de uma terra lei.

Por: Clécio Santiago