Exposição de artesanatos indígenas encanta visitantes dos Jogos dos Povos na Ilha de Porto Real

Doze tendas foram montadas para abrigar os entretenimentos culturais previstos na programação dos XI Jogos dos Povos Indígenas que estão acontecendo desde sábado, na Ilha de Porto Real, em Porto Nacional. São exposições e vendas de artesanatos de algumas das etnias participantes e pinturas corporais. Os Povos Karajá, da Ilha do Bananal (TO), Xerente, de Tocantínia (TO), Pataxó (BA), Suriú Paiter (RO), Xavante, Mamaindê, Tapirapé, Rikibaktsa, Pareci e Cinta Larga, (MT) expõem seus artigos que são feitos, naturalmente, de penas coloridas de aves silvestres – elas trocam de penas três vezes ao ano, sementes de frutos e de árvores, madeira, coco, palha, bambu, conchas e outros derivados do mar. Os visitantes ficam maravilhados com os artigos expostos e não retornam para a cidade sem adquirir uma ou várias peças.

Os produtos são produzidos por todas as aldeias, durante um tempo e são trazidos para os Jogos. A oportunidade do evento une conhecimento e economia. Os indígenas que ficaram nas aldeias aguardam o retorno das vendas para investimento na agricultura familiar; compra dos alimentos e a criação de animais.

Todas as vezes que os atletas indígenas vão competir, eles preparam as pinturas corporais, que significam a pintura do jovem guerreiro. As pinturas para todos os Povos tem significados diferentes.

Percebe-se que há muito jovens participando dos Jogos. A maior parte das delegações é composta por eles, uma deliberação dos caciques das aldeias. São 29 delegações com 40 pessoas, cada e 11 delegações com seis pessoas, cada. Nas edições anteriores, os jovens eram minoria. Os homens e mulheres adultas, idosos e crianças estavam em sua maioria.

Durante o dia, na Ilha de Porto Real, as músicas que se ouve tocar, são cantadas por artistas brasileiros, que interpretam a rica diversidade cultural indígena do Brasil.

Povo Pataxó

Segundo os primeiros líderes do Povo, Pataxó significa encontro da água com a pedra.

O Povo Pataxó, localizado no extremo Sul da Bahia, no município de Porto Seguro, conta com 19 aldeias, com cerca de 20 mil indígenas. A aldeia mãe é a Barra Velha.

O artesanato da etnia é feito das sementes de Pau Brasil, Pariri, Joerana, Salsa, Lágrima, Tiririquim, Matapasso e Tento Cardim; dentes de caititu e macaco; caramujo; as madeiras de sucupira, parajur, braúna e cumumbá, e das aves, arara, papagaio, garça, xucacái e pavão.

Do coco são feitas conchas escumadeiras, bolsas, porta níqueis, brincos e colares. Da madeira são feitos garfos e espátulas de petiscos, petisqueiras, cachimbos, gamelas, bolsas, pilões, tigelas, zarabatanas e farinheira. Das sementes são feitos colares, pulseiras e braceletes. De osso e tucum são feitos os anéis. Das penas das aves são feitos corares, brincos, braceletes e prendedores de cabelo. As vestimentas são feitas de fibra de biriba, uma madeira típica da região. Eles tocam o maracá e maracaté, instrumentos feitos de cabaça ou coco da Bahia.

Para o indígena Arakury Pataxó está sendo prazeroso estar no Tocantins, especialmente em Porto Nacional. “As pessoas daqui são acolhedoras. Estamos bastante à vontade e bem de saúde, porque aqui não tem poluição. Somos acostumados com floresta”, disse.

Exposição Fotográfica

Iniciou na tarde desta segunda-feira, 7, a exposição fotográfica “Crianças Indígenas”, do fotógrafo, geógrafo, indigenista e ativista social, Fernando Amazônia. As fotografias da exposição foram “retiradas ao longo de várias vivências, em diferentes aldeias e povos indígenas do Tocantins”.

Para o artista, a exposição “possibilitará reflexões sobre o futuro dos Povos, suas perspectivas e desafios, num mundo em que se globaliza com velocidade o que influencia, de forma direta ou indireta, suas culturas”.
 
Fóruns

Durante os Jogos acontecem os fóruns dos Direitos Indígenas, também na Ilha de Porto Real, onde são discutidos temas como os jovens nativos e a interação entre eles, a preservação ambiental e das culturas, educação e  a efetiva participação nas decisões políticas e sociais do país.

“Fazer parte das decisões do país como um todo, é importante, porque somos cidadãos brasileiros e formamos uma grande nação. Queremos educação e saúde de qualidade. Isso é de direito”, argumentou Raoni Pataxó, frisando que é necessário que os Povos Indígenas do Brasil se unam mais em prol dessa causa.

Os participantes dos fóruns são multiplicadores das discussões, pois levam as demandas para as aldeias - líderes, professores, anciões e a juventude indígena.

Funai

Uma reclamação dos integrantes da comissão organizadora foi que a Fundação Nacional do Índio (Funai) não envolveu seu servidores de forma efetiva nos Jogos. Nas edições anteriores, as equipes da Fundação acompanhavam os Povos desde a saída das aldeias.

Novidades

Entre as novidades dessa edição, está a divisão do evento em duas temáticas: A primeira, voltada para o Fórum Social Indígena e a Rio+20, que abordará a Conferência Internacional do Meio Ambiente e discutirá a economia verde, bem como, temas focados na sustentabilidade e na preservação das tradições indígenas. 

O segundo tema terá como objetivo o intercâmbio esportivo e cultural entre os Povos, além de propor um debate sobre a inclusão indígena como legado da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. 


Por: Umbelina Costa.

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