Jogos dos Povos Indígenas: coletiva de imprensa reúne jornalistas do Brasil e do exterior
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Foto: Dornil Sobrinho |
Na manhã desse sábado, 5, na Câmara de Vereadores de Porto Nacional, cerca de 50 jornalistas e repórteres fotográficos do Brasil e do exterior, estiveram reunidos em uma coletiva de imprensa feita pelas equipes de comunicação e organização do Ministério do Esporte e do Comitê Intertribal de Memória e Ciência Indígena (ITC). A iniciativa objetivou orientar os profissionais quanto à utilização da arte do evento, à qual foi desenhada por um indígena Xerente; os registros fotográficos e a utilização das imagens; solicitação de entrevistas aos atletas, uma vez que existe uma hierarquia à qual é respeitada e o não erotismo ao tirar as fotografias dos homens e mulheres indígenas semi-nus.
Foi abordado ainda, que os profissionais estão proibidos de incomodar os atletas quando estiverem em momento de descanso nas ocas e, todo o material produzido pelos repórteres fotográficos e cinegrafistas deverão ser disponibilizados, para que seja enviado para o banco de imagens dos Jogos. Estas foram algumas das exigências feitas pela equipe.
Na ocasião foram apresentados e entregues os press-kit, contendo credenciais, a programação das competições, um bloco de anotações diferenciado e informações sobre as modalidades e as etnias participantes.
As últimas páginas do bloco, que não foi direcionado somente para a mídia mas para pesquisadores, estudantes e voluntários, continham informações sobre os Povos Xerente, Karajá, Javaé, Xambioá, Krahô e Apinajé, etnias indígenas do Tocantins. Uma forma de prestigiar o Estado.
Aos jornalistas foi entregue um Termo de Compromisso sobre o uso das imagens captadas no período dos Jogos, ou seja, os profissionais não podem comercializar as imagens sem a prévia autorização do Povo Indígena fotografado ou do Comitê Intertribal (ITC). Um a forma de respeitar as particularidades da cultura de cada etnia.
Para a prefeita Teresa Martins, a realização dos Jogos no município, é para comemorar os 278 anos de história e 150 anos de emancipação política. “Sentimo-nos honrados com todos que visitam nossa cidade. Estejam à vontade e estamos prontos para servi-los” assegurou, agradecendo a presença de todos os jornalistas.
A coordenadora geral dos Jogos, representando o Ministério do Esporte, Rejane Penna Rodrigues, agradeceu a prefeita Teresa Martins por todo o trabalho realizado e pela atenção especial dispensada aos atletas e às comitivas. Para ela, os Jogos dos Povos Indígenas é um evento extremamente complexo. “A edição de 2011 foi mais uma superação dos problemas legais”, disse.
“Queremos que os profissionais da imprensa divulguem que os Jogos são dos Povos tradicionais. O futebol é a única modalidade que não é indígena, mas é brasileira. O arco e flecha, feitos de madeira nativa; a natação em rio; o futebol de cabeça; o cabo de guerra e a corrida de tora de buriti são algumas das modalidades específicas dos Jogos e que só os indígenas sabem. Destaco também que a palavra indígena é brasileira. Queremos que seja abordada a identidade cultural e a riqueza da diversidade”, argumentou Rejane Penna.
Para Marcos Terena, que é diretor do ITC, a afinidade dos jornalistas, como profissionais e como pessoas, é de extrema importância para o evento. “Os Jogos são mais do que competições e sim um reencontro entre parentes. Que esse encontro se consagre mais uma vez, como um evento afirmativo”, afirmou o líder indígena.
Durante a coletiva Terena deu satisfações sobre o atraso do evento, em respeito aos jornalistas e pesquisadores que chegaram ao Tocantins ainda em outubro.
Finalizando, o líder compartilhou com os presentes que está idealizando os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e que vê a América de Norte - Estados Unidos (EUA) e Canadá - como países que possam sediar o evento. Ele ressaltou que os indígenas americanos tem condições financeiras boas, além de os países serem ricos. “Muitos indígenas possuem aviões, automóveis de luxo e mansões. Lá, os atletas participam de olimpíadas, mas com tudo isso não existe tradição indígena”, disse Terena.
“O Brasil ainda não fez nenhum evento esportivo com a presença de dois Ministros de Estado, mas os indígenas brasileiros tiveram esse poder”, descreveu Marcos Terena.
União de Povos
A realização do XI Jogos dos Povos Indígenas é uma iniciativa inédita no Brasil, capaz de promover o congraçamento de povos e etnias distintas em que respeito se impõe pelo “celebrar”. É uma oportunidade rara, de fortalecer os laços de igualdade e cooperação entre indígenas de diversas regiões e serve como exemplo, diante de um mundo conturbado pela discriminação e pelo separatismo.
A efetivação dessas atividades encontra justificativas ímpares, pois além dos parâmetros legais nas legislações brasileira e internacional, é o retrato dos valores culturais, educativos e desportivos do Brasil, capaz de promover uma marca essencial de igualdade na diversidade, na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.
Por: Umbelina Costa
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